Guerra dos Farrapos: o que foi, contexto, causas e consequências
A Revolução Farroupilha foi um movimento separatista que ocorreu no RS entre 1835 e 1845.

O que foi
A Guerra dos Farrapos ocorreu no Rio Grande do Sul na época em que o Brasil era governado pelo Regente Feijó (Período Regencial). Esta rebelião, gerada pelo descontentamento político, durou por uma década (de 1835 a 1845).
Contexto histórico
A Guerra dos Farrapos ocorreu em um período de instabilidade política no Brasil, durante a Regência (1831-1840), quando o país enfrentava diversas revoltas regionais devido à centralização do poder e às insatisfações locais. A ausência de um monarca no trono após a abdicação de D. Pedro I e a adoção de medidas como o Ato Adicional de 1834 intensificaram os conflitos entre as províncias e o governo central. No Rio Grande do Sul, a economia era baseada na pecuária e na produção de charque, mas os impostos elevados e a concorrência com o charque do Prata prejudicavam os estancieiros locais. Além disso, a província tinha uma forte tradição militar e fronteiriça, devido aos constantes conflitos com as nações vizinhas. Esse cenário de descontentamento econômico e político contribuiu para a eclosão do conflito, liderado por fazendeiros e militares que buscavam maior autonomia para a região.
Causa da Guerra dos Farrapos:
O estopim para esta rebelião foi as grandes diferenças de ideais entre dois partidos: um que apoiava os republicanos (os Liberais Exaltados) e outro que dava apoio aos conservadores (os Legalistas).
Como foi
Em 1835 os rebeldes Liberais, liderados por Bento Gonçalves da Silva, apossaram-se de Porto Alegre, fazendo com que as forças imperiais fossem obrigadas a deixarem a região.
Após terem seu líder Bento Gonçalves capturado e preso, durante um confronto ocorrido na ilha de Fanfa (no rio Jacuí), os Liberais não se deixaram abater e sob nova liderança (de Antônio Neto) obtiveram outras vitórias.
Em novembro de 1836, os revolucionários proclamaram a República em Piratini e Bento Gonçalves, ainda preso, foi nomeado presidente. Somente em1837, após fugir da prisão, é que Bento Gonçalves finalmente assume a presidência da República de Piratini.
Mesmo com as forças do exército da regência, os farroupilhas liderados por Davi Gonçalves, conquistaram a vila de Laguna, em Santa Catarina, proclamando, desta forma, a República Catarinense.
Fim da guerra
Entretanto, no ano de 1842, o governo nomeou Luiz Alves de Lima e Silva (Duque de Caxias) para colocar fim ao conflito. Apos três anos de batalha e várias derrotas, os "Farrapos" tiveram que aceitar a paz proposta por Duque de Caxias. Com isso, em 1845, a rebelião foi finalizada.
Consequências:
- Reinserção do Rio Grande do Sul na estrutura imperial: o acordo de paz garantiu a anistia aos rebeldes e a incorporação dos líderes farroupilhas ao Exército imperial.
- Concessão de benefícios fiscais: o governo imperial reduziu os impostos sobre o charque gaúcho, favorecendo a economia local.
- Fortalecimento do Exército imperial: a experiência militar adquirida durante o conflito contribuiu para a formação de oficiais que participaram de futuras guerras, como a Guerra do Paraguai.
- Manutenção da estrutura política centralizada: apesar da rebeldia, o Império do Brasil manteve sua integridade territorial e reafirmou sua autoridade sobre as províncias.
- Construção da identidade gaúcha: o movimento farroupilha se tornou um elemento fundamental da cultura e da memória histórica do Rio Grande do Sul, sendo celebrado no imaginário local.
|
Carga de cavalaria Farroupilha (1893) de Guilherme Litran. |
________________________
Artigo publicado em 16/09/2008. Atualizado em 29/01/2025
Por Jefferson Evandro Machado Ramos
Graduado em História pela Universidade de São Paulo: USP (1994).
Veja Também
Fontes de Pesquisa e Bibliografia Indicada
Fontes de pesquisa utilizadas na elaboração do artigo:
VAINFAS, Ronaldo. Dicionário do Brasil Imperial. Rio de Janeiro: Objetiva, 2002.
ARRUDA, José Jobson de A.; PILETTI, Nelson. Toda História – História Geral e História do Brasil. São Paulo: Ática, 2001.
Bibliografia Indicada:
FLORES, Moacyr. Revolução dos Farrapos (Coleção Guerras e Revoluções brasileiras). São Paulo: Ática, 2008.