Governo Floriano Peixoto: características, período e contexto histórico

O governo de Floriano Peixoto (1891 e 1894) foi marcado por autoritarismo, repressão a revoltas e esforços para consolidar a jovem República diante de intensa instabilidade política e econômica.

Floriano Peixoto: presidente do Brasil entre 1891 e 1894.
Floriano Peixoto: presidente do Brasil entre 1891 e 1894.

 

Quem foi Floriano Peixoto?


Floriano Vieira Peixoto nasceu em 30 de abril de 1839, na então província de Alagoas, no município de Ipioca. Formou-se na Academia Militar do Rio de Janeiro, ingressando no Exército Brasileiro, onde construiu uma sólida carreira como oficial. Participou da Guerra do Paraguai, onde se destacou pela bravura e disciplina. Após a proclamação da República, em 1889, foi escolhido como vice-presidente de Deodoro da Fonseca, assumindo a presidência da República após a renúncia deste, em 1891. Floriano tornou-se conhecido como o “Marechal de Ferro” por sua postura autoritária e inflexível diante de crises e revoltas durante seu governo. Faleceu em 1895, pouco tempo depois de deixar a presidência.



Período de governo e contexto histórico


O governo de Floriano Peixoto ocorreu entre 1891 e 1894, durante os primeiros anos do regime republicano no Brasil, conhecido como Primeira República.


Esse período foi marcado pela instabilidade institucional gerada pela transição entre o regime monárquico e a república recém-instaurada. A jovem república enfrentava sérios desafios, como a resistência de setores monarquistas, a desorganização do sistema político e a insatisfação popular diante da crise econômica. O governo de seu antecessor, Deodoro da Fonseca, havia sido instável, culminando em sua renúncia após tentativas fracassadas de dissolver o Congresso. Ao assumir a presidência, Floriano enfrentou forte oposição, tanto de setores civis quanto militares, além de movimentos armados que ameaçavam o novo regime republicano.



Características políticas, econômicas e sociais do Governo Floriano Peixoto:



1. Política

O governo de Floriano Peixoto foi marcado pelo autoritarismo e pela repressão a opositores. Ignorando as previsões constitucionais, recusou-se a convocar novas eleições presidenciais após a renúncia de Deodoro, sob a justificativa de que já havia cumprido metade do mandato, o que causou a insatisfação de muitos parlamentares e militares. Floriano enfrentou diversas rebeliões, como a Revolta da Armada, promovida por setores da Marinha contrários à sua permanência no poder, e a Revolução Federalista no sul do país, liderada por adversários que defendiam uma república descentralizada. Em resposta, governou com mão de ferro, reprimindo duramente os levantes e consolidando seu poder pessoal.


2. Economia

o Brasil vivia um momento de crise, herança das políticas equivocadas do Encilhamento, adotadas no governo de Deodoro da Fonseca, que provocaram inflação, desvalorização da moeda e falências em série. Floriano procurou reverter o quadro incentivando a indústria nacional, adotando medidas protecionistas e buscando apoio entre os setores urbanos e industriais. Seu governo também foi marcado por tentativas de reorganizar as finanças públicas e estabilizar a economia, embora os resultados tenham sido limitados no curto prazo.



3. Aspectos sociais

O governo florianista buscou aproximação com as camadas populares urbanas, notadamente com os operários, pequenos comerciantes e setores da classe média emergente. Essa base de apoio deu ao presidente uma aura de “protetor do povo”, em oposição às oligarquias rurais e às elites tradicionais que viam sua gestão com desconfiança. Contudo, a repressão violenta aos movimentos de oposição e a centralização do poder demonstram que seu compromisso com os interesses populares era mais tático do que estrutural.



Como terminou o Governo Floriano Peixoto


O mandato de Floriano Peixoto chegou ao fim em 1894, quando passou pacificamente a presidência para Prudente de Morais, eleito de acordo com as normas constitucionais, o que contribuiu para dar maior estabilidade ao regime republicano. Apesar de seus métodos autoritários, Floriano conseguiu concluir o mandato, consolidar a jovem república e estabelecer certa ordem diante das ameaças internas que marcaram sua gestão. Sua figura permaneceu controversa, sendo exaltado por uns como salvador da república e criticado por outros como símbolo do autoritarismo militar no início da era republicana.

 

Marechal Floriano Peixoto num quadro pintado

Marechal Floriano Peixoto (pintura de 1891).

 

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Por Jefferson Evandro M. Ramos (graduado em História pela USP)

Publicado em 19/05/2025